sábado, 11 de maio de 2013

As Guildas Medievais - História e influência na vida moderna e na Maçonaria

Texto elaborado pelo Ir.`. Aroldo Peret da Loja Fraternidade de Rio das Ostras 164 RJ

Por instinto todos os seres vivem em comunidade e se estabelecem em sociedades, visando sobrevivência e a perpetuação da espécie, daí as alcatéias, manadas, cardumes, enxames, etc. Não é diferente com os homens que se agrupam em comunidades desde a idade da pedra. Além do instinto, os homens, diferentemente dos animais, apresentam outros detalhes nos agrupamentos sociais, em que pessoas  diferentes se organizaram por “afinidade eletiva”, que é objeto de estudo de várias ciências humanas e remonta à alquimia. Um exemplo: estarmos aqui por estas afinidades.
Com o desenvolvimento humano, das comunidades e, incremento de valores culturais místicos, os desejos de associação miravam a perpetuação da vida após a morte. Fez-se cada vez mais necessário ter receita para os investimentos em rituais fúnebres, e monumentos mortuários, antes reservados aos reis, agora desejado por todas as classes sociais, originando assim os “Collegia Fabrorum”.
Em consequência evolutiva, o anseio social proporcionou o ambiente para a formação das Guildas, que se estabelecem como corporações de ofício, ou seja, uma espécie de cooperativa de trabalhadores que compartilhavam do mesmo ofício e apresentava o objetivo de assegurar direitos e deveres, qualidade, preço, pesquisa para aprimoramento profissional e desenvolvimento tecnológico, estabelecimento de  níveis de profissionais, mas que permitia o crescimento pessoal e espiritual de seus membros diferentemente dos “Collegia Fabrorum”.
Em cada grande cidade organizavam-se guildas dos mais diversos ofícios: padeiros, sapateiros, tecelões, ferreiros, curtidores, mercadores, cervejeiros, açougueiros, escreventes, carroceiros, armeiros e calro de pedreiros. Economicamente ser membro de uma guilda significava estar em contato com outros artesões, gozar de proteção, receber amparo, para si ou sua família, frequentar as festas internas, instruir-se etc. Reciprocamente implicava em ajudar outros membros quando em necessidade, ter uma vida de aprendizagem, existência honesta, e com perspectiva de um futuro afortunado no lado material e espiritual.
No aspecto material ela é precursora dos sindicatos atuais, tanto que até hoje, são mencionadas nas referências de estudos políticos, socioeconômicos e jurídicos, algumas citadas ao fim deste trabalho.
Algumas guildas evoluíram, outras pereceram. Neste ambiente, os não agremiados eram os jornaleiros (trabalhadores temporários, por jornadas) de pouquíssima cultura e baixo poder econômico,
As Guildas mantinham segredos imperativos à sua preservação, que eram transmitidos aos poucos junto com os conhecimentos profissionais, aos aprendizes do ofício, escolhidos na maioria das vezes nas próprias famílias, ficando neste estágio durante sete anos ou mais, Depois eram passados a companheiros e mestres. Estes últimos, detentores de grande conhecimento e influência econômica, política e social. Ressalte-se que, os mestres eram extremamente cultos, filósofos em todas as áreas, resultante das pesquisas na busca pelo aprimoramento do ofício, e do produto do seu trabalho, calcada nos estudos em diversos campos do conhecimento humano da época. Em conseqüência as guildas desenvolveram fortes sentimentos transcendentais de companheirismo, lealdade, justiça e são responsáveis por espiritualizarem as relações humanas associativas.
As guildas que mais cresceram foram as de construtores. Em um tempo pela demanda dos templos suntuosos para os reis e os dedicados por estes aos deuses; na Idade Média pela demanda de cidades-fortalezas, ocasião em que teve seu esplendor, depois, com a queda de reinos e consolidação da era cristã, com a construção de catedrais. O saber destes mestres envolvia matemática, geometria, geometria sagrada, física, alquimia, astronomia, astrologia, arquitetura, estes oriundos dos árabes, sumérios, persas, babilônios, egípcios, conceitos gregos Herméticos, Neoplatônicos, etc. Envolvia também conhecimentos e simbolismos místicos, e exotéricos, herdados daqueles povos antigos. Sofreram ainda influencia dos Cavaleiros Templários (eram seus “Magister Carpentarius”) no que tange a finanças, isenções de impostos, (gozavam de franquia – francos maçons) livre trânsito (pedreiros livres), excelente mercado pela construção de fortalezas, abadias, mosteiros, etc. mas sob imposição de rituais e crenças religiosas destes. Tinham rituais de admissão, de transmissão de conhecimentos, de ágapes, de mudança para os graus superiores, de reconhecimento para cada nível, fator preponderante para manutenção de seus segredos, o que certamente contribuiu para sua longevidade.
Por ser a que mais cresceu e durou, acompanhou todas as fases de evolução social, política, econômica e cultural do homem. Recebendo essas diversas influências, desenvolveram os seus conhecimentos secretos, bem como sua ritualística, trasmitindo-os de loja em loja, sendo, portanto, as guildas de construtores, sob este aspecto, as precursoras da maçonaria operativa. . O primeiro registro de estatuto de guildas, de construtores, ocorre na Inglaterra e remonta a 926-DC, em York, no Reinado de Athelstan, que é considerado, por isso, o patrono da Maçonaria Operativa, e mais tarde, da maçonaria especulativa.  
REFERÊNCIAS DE CITAÇÕES DAS GUILDAS.
REFERÊNCIA POLÍTICA – ESTUDO DO SOCIALIMO - Socialismo de guilda foi uma forma de sindicalismo que procurou combinar a idéia das guildas medievais com a substituição do capitalismo. É o socialismo de mercado, ...., cuja alocação de recursos, entretanto, devia seguir regras específicas. Esta concepção sobrevive nos mais diferentes países, até os dias de hoje, mantendo mais ou menos a sua forma embrionária. IDEM – ESTUDO DO CAPITALISMO - A Convenção 158 da OIT (sobre demissão somente por justa causa) rompe com o equilíbrio entre trabalhadores e empregadores e inviabiliza a gestão empresarial. O capitalismo só se firmou depois que venceu as “guildas medievais” que monopolizavam profissões e distorciam o mercado de trabalho. A Convenção 158 acaba com as políticas de recursos humanos das empresas e impede que essas se ajustem a mudanças de mercado.
REFERÊNCIA NAS ARTES – TRANSIÇÃO GUILDAS / ESCOLAS DE ARTES - Na história da arte européia, o surgimento das academias de arte, a partir do século XVI, tem papel decisivo na alteração do status do artista, personificada por Michelangelo Buonarroti (1475 - 1564). Não mais artesãos das guildas e corporações, os artistas são considerados teóricos e intelectuais a merecer formação especializada nas Escolas de Artes......O ESTUDO DAS ARTES - O movimento social e estético inglês liderado por William Morris (1834-1896), Arts and Crafts, está nas origens do Art Nouveau. Rompendo com a distinção entre Belas Artes e artesanato, lutando pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, e tentando recuperar o ideal de produção artesanal coletiva, segundo o modelo das guildas medievais.
REFERÊNCIA CRISTÃ - São Lucas, o evangelista é, segundo, a tradição, o autor do Evangelho de São Lucas dos Actos dos Apóstolos – o terceiro e quinto livros do Novo Testamento. É o santo padroeiro dos pintores, médicos e curandeiros. É celebrado no dia 18 de Outubro. Chamado pelo Apóstolo Paulo de “O Médico Amado”, pode ter sido um dos cristãos do primeiro século que conviveu pessoalmente com os doze apóstolos. A tradição cristã, atribuída a São Lucas, médico que seguiu o apóstolo Paulo, defende que foi o primeiro iconógrafo, e que terá pintado a Virgem Maria, Pedro e Paulo. É por isso que mais tarde, surgiram as guildas medievais de São Lucas, no Flandres, ou a Accademia di San Luca (”Academia de São Lucas”) em Roma – associações imitadas noutras cidades européias durante o século XVI – reuniam e protegiam os pintores.
REFERÊNCIA ARQUITETÔNICA - Estudo de Arquitetura - (Merchant Adventurer’s Hall-foto) durante a idade média... (1415), foi registrado que houve 57 guildas na cidade de York.
REFERÊNCIA NO ESTUDO DE FILOSOFIA – ILUMINISMO – PRECURSOR DO CAPITALISMO - As concepções do Iluminismo encontraram solo fértil no Estado-nação, sendo financiado pelo capitalismo industrial emergente. Foi o advento da fábrica que destruiu o sistema das guildas medievais. As guildas eram antigas associações ou ligas profissionais criadas com a finalidade de defender os interesses de seus integrantes, Nesse processo de transformação das guildas para as fábricas foi se acentuando o antagonismo geral entre exploradores e explorados, entre ricos e pobres que trabalhavam. Transformando-se os mestres das corporações ou guildas nos burgueses modernos e os jornaleiros em proletários" (Engels,1980, p. 30)
REFERÊNCIA ATUAL- Projeto de Lei- Amarildo  – PROFISSÃO DE JORNALISTA- 2009 – Exclusividade do exercício da profissão de jornalista pelos formados em cursos superiores específicos - “Ela recria no Brasil em pleno século XXI as guildas medievais, corporações que decidiam com mão-de-ferro quem podia ser ourives, pintor ou escultor. Tudo em nome da reserva de mercado e do conforto dos medíocres, assustados com a concorrência de gente mais preparada e talentosa. A Lei Amarildo tem esse mesmo espírito corporativista. Ela vai na contramão de um fenômeno mundial, em que os jornais, as revistas, os sites e as televisões buscam o concurso de cientistas, astronautas, economistas, diplomatas, políticos, atletas – enfim, todo tipo de gente com conhecimento especializado e vivência dos temas em pauta...”
Bibliografia: O ESPELHO DA ALMA –Rodrigo José S. Pimpão; e sites da internete.

Nenhum comentário:

Postar um comentário