Texto elaborado e apresentado em Loja por um Aprendiz Maçom da Loja Bp Azeredo Coutinho em 2013
Foi autorizada a publicação pelo nosso Irmão
UNIDADE – SALMO
133
INTRODUÇÃO
Este
é o primeiro estudo que apresento aqui na Loja entre os irmãos e a minha
pretensão é que a partir deste inicie um longo trabalho em busca do conhecimento
para crescimento. Meu desejo é ser transformado de “pedra bruta” em “pedra
polida”, enveredando esforço contínuo para contribuir cada vez mais, com a
exaltação do Grande Arquiteto do Universo. Antes mesmo de debruçar sobre o
texto do salmo 133, quero introduzir o estudo com uma ilustração:
Contam
que na carpintaria houve uma vez uma estranha assembleia. Foi uma reunião de
ferramentas para acertas suas diferenças. O martelo exerceu a presidência, mas
os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. A causa? Fazia
demasiado barulho; e além do mais, passava todo tempo golpeando. O martelo
aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, dizendo que
ele dava muitas voltas para conseguir algo.
Diante
do ataque, o parafuso concordou, mas por sua vez, pediu a expulsão da lixa.
Dizia que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em
atritos. A lixa acatou, com a condição de que expulsasse o metro, quem sempre
media os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
Reservo
aos irmãos a finalização da ilustração no término do estudo.
EXPLICAÇÃO
O
texto do salmo 133 é um dos cânticos de romagem, daqueles que os judeus,
principalmente os peregrinos utilizavam para caminharem em direção ao templo em
Jerusalém. Sua autoria é do rei Davi, que desejava falar de unidade do povo de
Deus através deste cântico. Alguns elementos, deste Salmo, são importantes para
melhor entendimento da mensagem de Davi.
ÓLEO – o óleo era utilizado na cerimônia de unção
dos reis e sumos sacerdotes. Estes eram ungidos com óleo especial, que era derramado
sobre suas cabeças, e dessa forma, eram considerados “purificados”, “sagrados”
para exercer suas funções.
HERMON
– montanha considerada sagrada pelos judeus. Localizada ao norte de Israel,
marca a divisão geográfica entre Israel, Líbano e Síria. Pela altitude (mais de
2.800metros), seu cume está sempre coberto de neve, o que literalmente “rega”
toda a região ao seu redor, sendo por isso a região mais fértil de Israel.
MONTE
DE SIÃO – Sião não é o Hermon. Ambos os pontos são extremidades Israel, sendo o
Hermon a extremidade Norte e Sião a extremidade sul. Sião foi local escolhido
pelos judeus para servir de sede, sendo a região onde se encontra Jerusalém daí
a origem do termo “sionista”. Após Sião, o que se vê é o deserto.
AARÃO
– Irmão mais velho de Moisés e primeiro Sumo sacerdote de Israel, através do
qual se originou a linhagem de Sumos sacerdotes.
GOLA
DE SUAS VESTES – Nas vestes do sumo sacerdote Arão, segundo a bíblia em Êxodo
28. 7-12, existiam duas pedras ônix, nas quais estavam gravados os nomes das 12
tribos de Israel, seis em cada pedra e elas ficavam uma de cada lado do ombro
do Sumo sacerdote.
Conhecendo os
elementos, pode-se compreender melhor a mensagem:
Os
irmãos que Davi se refere são, provavelmente, o povo de Israel, divididos em
suas tribos e espalhados entre o Hermon e Sião (limites de Israel), mas todos
vivendo em união. Davi relembra então a unção de Aarão como o primeiro Sumo
sacerdote de Israel, momento que selou o compromisso entre o povo de Israel e
seu Deus. Dali nasceu a nação que Davi representava e defendia.
O óleo precioso que ungiu Aarão foi derramado em sua
cabeça e desceu pela sua barba, espalhando-se para as extremidades de roupa.
Tal unção, que abençoava Israel, podia ser vista também em sua terra: a neve do
cume do Hermon transformava-se em orvalho, que desce o monte e se transforma em
um ribeirão, Banias, o qualdeságua no Rio Jordão, este liga o Hermon até a
outra extremidade de Israel, os montes de Sião, antes de desaguar no Mar Morto.
Todas as tribos de Israel estavam espalhadas de
Hermon a Sião, sempre próximos às margens do Rio Jordão. “Jordão” significava
justamente isto, “que desce”. O Rio Jordão, alimentado pelo orvalho de Hermon,
desce até a extremidade sul de Israel, Sião, distribuindo suas bençãos, assim
como o óleo precioso que desce da cabeça de Aarão até a orla de suas vestes.
Por
fim, Davi afirma que, Sião (Jerusalém) é “ungido” pelas águas que veem do
Hermon porque foi o lugar escolhido por Deus para que o povo judeu habitasse
eternamente conforme suas bênçãos. Com este salmo Davi disse ao seu povo que
eles deviam permanecer unidos e obedientes às ordens vindas de Sião, pois essa
era a vontade de Deus desde a unção de Aarão, comprovado pela bênção da água,
que sai do alto de um monte e percorre 190 KM de distância, derramando bênçãos
por onde passa, até chegar a Sião.
É
muito claro o motivo das palavras de Davi, ele era apenas o segundo rei de
Israel, uma nação recente, ainda desestruturada, com muitas dificuldades,
dividida em muitas tribos e sujeita a muitas ameaças. Ele precisava manter um
discurso de unidade e esperança. Minha pretensão não é esgotar todos os
ensinamentos do salmo 133, mas apenas apresentar aos irmãos uma visão particular
a respeito de unidade, que vejo como ponto principal neste texto. Logo no
primeiro versículo do salmo 133 lemos: “Oh! Como é bom e agradável viverem
unidos os irmãos!”. Posso então afirmar que:
1 – UNIDADE É
BOA E AGRADÁVEL
Davi era um homem simples, embora fosse rei, pois
seu chamado ocorreu nos tempos em que ele pastoreava as ovelhas nos campos
distantes, que o levou a uma vida, de certa forma, solitária, com a companhia
de suas ovelhas, do criador do universo e de sua inseparável harpa, com a qual
compôs inúmeras canções, ente elas o salmo que acabamos de ler. Ele viu e
enfrentou muita coisa. Nos campos distantes combateu e matou animais ferozes,
como leão e urso, ainda pastor de ovelhas enfrentou o gigante Golias, que assombrava
os guerreiros de Israel, que não acreditavam na vitória daquele minúsculo
pastor de ovelhas. Davi teve que lutar muito para chegar ao trono de Israel, um
reino dividido geograficamente e com lideranças diversas que causavam vários
problemas a própria nação.
Entretanto, Davi ao chegar ao reinado consegue unir
os reinos de Judá e Israel, que basicamente formavam o povo judeu e vivam
separados. Assim Davi pôde compor este salmo, pois a alegria que se encontrava
em seu coração, podia ser representada nesta canção, pois agora seu povo podia
gozar de uma boa e agradável união.
Alegria
constatada em outra canção magnífica, Acácia Amarela, do saudoso irmão, cantor
e compositor Luiz Gonzaga, que nos primeiros versos diz:
“Ela é tão linda é tão bela
Aquela acácia
amarela
Que a minha casa
tem
Aquela casa
direita
Que é tão justa
e perfeita
Onde eu me sinto
tão bem”.
O
sentir-se tão bem de Luiz Gonzaga na casa justa e perfeita, que é a sua, a
minha, a nossa casa é a representação de uma verdadeira unidade, mesmo em meio
à diversidade de irmãos, que são provenientes de várias origens: familiares,
religiosas e culturais, porém unidos levantando templos à virtude e cavando
masmorras ao vício.
Avançando
no texto do salmo 133, podemos discorrer sobre:
2 – A UNIDADE
COMO FUNDAMENTADA NO AMOR DIVINO
O
versículo 2 diz o seguinte:
“É como o óleo precioso sobre a cabeça, o
qual desce para a barba, a barba de Arão e desce para a gola de suas vestes”.
Como vimos na análise do salmo 133, Arão foi ungido
para o trabalho divino, que foi representado pelo óleo, como unguento especial
para o sumo sacerdote exercer a sua função. Os nomes das 12 tribos de Israel
estavam escritos em duas pedras ônix, seis em cada uma, que estavam em cada
ombro de Arão.
Podemos
ver representada aqui a unção divina para a união do povo, pois o unguento
descia para cada lado da gola das vestes de Arão, atingindo ambos os ombros,
nos quais estavam as pedras com as inscrições de todas as tribos do povo judeu.
Cada tribo como o seu povo era abençoada na unção divina sobre Arão, que assim,
cada indivíduo, recebia através do sumo sacerdote a bênção divina, resultando
assim uma união por meio da ação do Grande Arquiteto do Universo.
A
harmonia e a concórdia não podem ser conquistadas completamente, apenas pela
ação humana, no entanto, com as bênçãos do Supremo Criador a unidade será,
entre o seu povo, realidade. O esforço operário, só obterá sucesso na submissão
ao Grande Arquiteto do Universo.
Na
segunda estrofe, da canção, Luiz Gonzaga confirma:
“Sou feliz operário
Onde aumento meu
salário
Não tem luta nem
discórdia
Ali o mal é
submerso
E o Grande
Arquiteto do Universo
É harmonia, é
concórdia
É harmonia, é
concórdia”.
Finalizando
conto o final da ilustração sobre a assembleia na carpintaria:
Nesse
momento entrou o carpinteiro, juntou o material e as ferramentas iniciou o seu
trabalho. E finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel. Quando a
carpintaria ficou novamente só, a assembleia reativou a discussão. Foi então,
que o serrote tomou a palavra e disse:
“Senhores,
ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalhou com nossas
qualidades, com nossos pontos valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos
fracos, e concentremo-nos em nossos pontos fortes”.
A
assembleia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava segurança,
a lixa era especial para limar e afinar as asperezas, e o metro era preciso e
exato. Sentiram-se então como uma equipe capaz de reproduzir móveis de
qualidade. Sentiram alegria pela oportunidade de trabalharem juntos.
Ocorre
o mesmo com os seres humanos. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a
situação torna-se tensa, negativa e improdutiva; ao contrário, quando se busca
com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas
humanas. É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Porém encontrar
qualidades... isto é para os sábios!
A
unidade não se faz com ausência de diferenças entre os irmãos, muito menos com
unanimidade de pensamentos, mas com bastante trabalho operário, como Davi trabalhou,
para buscar o melhor para todos e a unidade somente será realidade quando cada
operário for usado pelo Grande Arquiteto do Universo, simbolizado pelo
carpinteiro da ilustração.
Que
vençamos nossas paixões, submetamos nossas vontades, façamos novos progressos
na maçonaria e estreitemos os laços de fraternidade que nos unem como
verdadeiros irmãos.
Bibliografia
Ritual
do Aprendiz Maçon I
Bíblia
de Estudos de Genebra
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